Quando falo com os amigos e familiares que moram no Brasil sobre a minha rotina em Genebra, o que mais escuto são frases do tipo: “Como você faz?”, “Você não tem ajudante?” ou “Isso não é vida, Deus me livre”! E assim por diante. Mas sim, gente, isso também é vida, e, no contexto deste texto, a MINHA vida mais exatamente.
Na época em que a Gabi nasceu minha mãe estava aqui comigo. Ela veio para Genebra no meu último mês de gestação e ficou até ela completar dois meses. Aí então fomos todos juntos para o Brasil, onde fiquei por mais dois meses até encerrar minha licença maternidade. No Brasil, além da minha mãe, eu estava rodeada de amigos e familiares superfelizes com a nossa presença, ou seja, não faltavam braços carinhosos para carregar a Gabi e abraços solidários para a mãe recém-parida que eu era. A louca rotina de mãe, esposa, profissional e expatriada começou mesmo quando eu voltei do Brasil.
Retornei ao trabalho após os exatos 4 meses da minha licença maternidade. QUERIA e TINHA que trabalhar. Sempre gostei de ser independente e por mais difícil que fosse a nossa separação, não queria que tivesse sido diferente, não queria deixar de lado a minha vida profissional. Então me apoiei nos inúmeros relatos das minhas amigas que já eram mães, tinham passado pela mesma experiência e me diziam que tudo ia ficar bem.
Minha vida não mais parou, pelo contrário, só se acelerou! Hoje me divido entre meu trabalho, serviço de casa, ser mãe, ser esposa e agora blogueira. E houve um período que em meio a tudo isso aí, fiz um mestrado. Aí, muita gente me pergunta: como você faz?
Resolvi aceitar a ajuda das poucas pessoas que ofereciam, e aos pouquinhos começei a tecer minha rede de apoio. Essa rede de apoio fez toda a diferença. E como foi a construção da minha rede de apoio? Vamos lá…
Meus sogros: demorei aproximadamente quatro anos para entender e aceitar a ajuda que recebo dos dois. Em um primeiro momento repetia para mim mesma que eles já tinham criado um filho e que não tinham que criar os meus. Era orgulhosa. As vezes a aproximação me irritava sem nenhuma razão. A partir do momento que resolvi aceitar a ajuda deles minha rotina ficou bem mais tranquila. Sempre que preciso eles estão lá, superdispostos a cuidar dos nossos tesouros.
Aceitar esta ajuda, além da utilidade direta em nossa rotina, promove a convivência entre gerações e reforça os laços familiares. Além disso nos momentos que as meninas estão com os avós, eu e o Stéphane temos um tempo só nosso. Geralmente as sextas-feira elas vão dormir na casa dos avós e nós aproveitamos esse tempo juntos para conversar, fazer planos, tomar um bom vinho, ouvir uma boa música, sair para jantar e etc.
Aprendi a conversar com as outras mães na porta da escola: eu era daquelas mães que deixava as filhas na escola, virava as costas e ia embora. Sempre com pressa. Mas a maternidade me mostrou o quanto o apoio de outras mães é necessário (principalmente morando fora do Brasil). Graças as novas amizades feitas na porta da escola, sei que quando necessário posso contar com algumas dessas mães da mesma maneira que elas sabem que podem contar comigo também! Esse apoio entre as mães maravilhoso e também essencial, pois sabemos das dificuldades umas das outras e o quão importante é uma “ajudinha” dessas na nossa rotina.
Estreitar laços com os vizinhos: antes de ter filhos eu sequer sabia o nome do meu vizinho da porta da frente. E por muito tempo continuou assim (eu sempre achando que não precisava de ninguém). Até que eu comecei a cumprimentar meus vizinhos com um pequeno sorriso e a praticar pequenos gestos de boa convivência. Aos poucos me aproximei de algumas famílias e hoje posso dizer que estas famílias já me salvaram em várias ocasiões.
Então gente, o que mudou foi aceitar a minha condição de expatriada, aceitar que precisava de ajuda e ir atrás dessa ajuda. Não me cobrar tanto, aceitar que sou imperfeita, que cometo erros e que está tudo bem (continua).
Bjs, Cris!
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